FORÇA SUPREMA
Força Suprema é uma família de cinco rapazes, que vivem todos na mesma casa situada na linha de Sintra.
Vivem há mais de 20 anos em Portugal, pelo menos dez deles dedicados ao rap. Nos últimos anos transformaram-se num fenómeno em Angola e em Portugal, apesar de poucos o saberem. Agora têm vídeos com helicópteros e querem conquistar o Brasil.
Os Força Suprema existem há muitos anos. Começámos a gravar em 1999, num centro cultural da Câmara de Rio de Mouro. Depois, há cerca de quatro anos, apareceram Deezy e Monsta, mais novos, mas com histórias parecidas às nossas, putos humildes e trabalhadores, e a ligação surgiu. Eles têm a sua cena própria, mas acabam por fazer parte dos Força Suprema e partilhamos todos o mesmo tecto”, explica NGA, o centro do colectivo.
Nasceram todos em Angola, vieram para Portugal na infância ou na adolescência, fugindo da guerra com familiares. “Estou aqui há cerca de 20 anos”, lembra NGA, “vim com a minha mãe, como quase todos nós, fugindo dos conflitos, e a Linha de Sintra acabou por ser a zona mais natural para nós, porque é um dos lugares em toda a Europa com mais imigrantes africanos.”
Houve um outro facto importante. A morte da mãe de NGA, no início do ano passado. Todos falam dela com emoção, referindo-se-lhe respeitosamente como “a nossa mãe.” Lançaram aliás há meses um DVD-compilação com vídeos do colectivo a que deram o nome de 4Life, em sua homenagem. A razão não é difícil de descortinar. “Quando vivíamos em Queluz, era na casa do NGA que gravávamos”, recorda Deezy. “Passávamos mais tempo na casa dele do que nas nossas. A ‘nossa mãe’ era a figura materna. Era ela que descobria as nossas primeiras namoradas ou que nos dizia umas palavras quando via o primeiro charro escondido no bolso do casaco.”
"Gostamos da Linha de Sintra. Dá para ir ao Fórum Sintra e sentirmos que estamos na Europa e dá para ir à Damaia e comprar mandioca na rua. Somos desses dois mundos"- NGA
Em Dezembro foram recebidos no palácio presidencial de José Eduardo dos Santos e a impressão foi positiva. “Fomos muito bem recebidos”, conta NGA, “o presidente estava a comer e levantou-se humildemente para nos cumprimentar e a primeira-dama pediu para tirar uma foto com o Prodígio”. A música do colectivo pode ser dura e sombria, não recusando a linguagem vernacular e as alusões sexuais, mas até agora não sentiram qualquer espécie de censura. “Não controlamos como é que os receptores recebem a nossa música e até pode acontecer que nos coloquem limitações, mas nós não somos de colocar a nós próprios barreiras. Ninguém tem o livro mais aberto do que nós.